domingo, 18 de abril de 2010

Coincidências

A Ryder Cup é maior prova mundial de Golfe. E, ao que consta, a seguir aos Jogos Olímpicos e ao Mundial de Futebol é dos eventos desportivos mais mediáticos.
Portugal é um dos países candidatos à realização da prova em 2018. Uma candidatura quase natural, o Algarve - com os seus 38 campos de golfe - foi considerado o “melhor destino de golfe do mundo” pela Associação Internacional de Operadores de Golfe por duas vezes, em 2000 e em 2006!
Ora sucede que a candidatura Portuguesa propõe como destino da prova, não o Algarve, mas … a Comporta.
A Comporta onde, como sabemos, não existe qualquer campo de golfe nem tão pouco infra-estruturas hoteleiras capazes de suportar o evento. Apenas é conhecido um projecto para construção de três campos de golfe ao abrigo do PIN.
Situação surpreendente? Não!
Afinal, A Comporta é um grande projecto turístico – imobiliário do Grupo Espírito Santo e o Presidente da Comissão [da Candidatura à Ryder Cup] que escolheu a localização é o ex-ministro Manuel Pinho, também ex-administrador do grupo financeiro e “inventor” dos PIN. (José Manuel Fernandes, Público, 16 de Abril, pág 39). Coincidências? Demasiadas coincidências! E tantos silêncios…

10 comentários:

  1. “A Praga”

    A Praga foram e com Praga no coração voltaram, mas essa até nem é a principal questão, aquilo que nos deve alegrar a todos é que de Praga trouxeram a ideia do século, aquela que pode voltar a colocar o nosso país de novo nas bocas do mundo e o facto de tudo ter resultado de um simples acaso, mas é quase sempre assim com as ideias geniais.

    Depois do ex-economista chefe do FMI ter dito “vai chegar a altura em que os mercados financeiros se vão recusar pura e simplesmente a financiar este esquema”, referindo-se ao nosso país e quando tudo parecia perdido eis que o presidente da República Checa diz estar “muito surpreendido por Portugal não estar nervoso por ter uma previsão de défice de 8 por cento” e daqui nasce a ideia genial.

    Até porque a princípio a nossa comitiva não percebeu bem a perplexidade do presidente checo e de facto ninguém ali nem no país estava nervoso, eu até tenho um primo que quando não tem dívidas até nem dorme bem e para voltar a ter noites descansadas trata logo de se endividar e connosco provavelmente à custa de muita dificuldade e endividamento passa-se o mesmo e já teremos certamente criado anticorpos para lidar com estas situações.

    Bom mas passando adiante, o que nasceu logo ali nas cabeças dos nossos responsáveis ? o obvio claro, criar um instituto de altos estudos governamentais, dedicado apenas a estadistas estrangeiros, com cursos de curta duração mas onde poderão comprovar, com base na nossa longa experiência como não sentir nervosismo e ultrapassar estas situações de crise de forma optimista.

    Consta já por aí o sucesso desta iniciativa que irá recentrar-nos no papel de país que mostra novos mundos a este mundo perplexo e nervoso, isto a julgar pelo número de inscrições já registadas no primeiro curso que decorrerá na época estival, também conhecida por “sealy season” que é precisamente quanto esta gente tem mais disponibilidade, já me constou inclusivamente que o ex-economista chefe virá fazer uma pós-graduação, o presidente checo será o aluno número um, isto por sem querer ter dado o mote à ideia e surpresa das surpresas o meu primo terá sido convidado para leccionar uma das cadeiras.

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  2. “A nuvem do sul”

    A nuvem do norte anda a dar cabo daquilo que ainda resta da já débil economia desta nossa Europa, acontece que esta é proveniente da erupção do vulcão Eyjafjallajokull, situado na Islândia, país recentemente falido e cujos parceiros, amigos da onça, se recusaram a ajudar, pois bem agora aí temos nós a resposta dos islândeses.

    Acontece também que andam agora por aí uns economistas, agências de rating e um sem número de outros especuladores a tentar chatear-nos, dizendo eles que a seguir aos gregos seremos nós e os espanhóis os próximos a afundar-nos no meio desta barafunda em que as economias da zona euro estão mergulhadas.

    Os gregos já conseguiram ver aprovada uma boa maquia para os ajudar a sair desta trapalhada, com o generoso contributo dos parceiros europeus incluindo o nosso, pois as consequências do exemplo islândes impressionaram os demais e segundo consta à boca pequena os gregos terão mesmo ameaçado com os deuses do Olimpo caso não vissem satisfeitas as suas pretensões.

    Quanto a nuestros hermanos nunca foram de meias tintas e quando toca a defender a sua dama saem a terreiro com todas as suas armas, consta que o Rei já telefonou ao nosso primeiro a propor uma estratégia ibérica, estando na disposição de incluir nela o valente touro osborne, ícone da valentia espanhola e que não consta tenha sido alguma vez derrotado, é um argumento de peso que estava guardado para uma ocasião especial e impressionará sem dúvida os parceiros.

    Já o nosso primeiro terá dito ao Rei que iria pensar na proposta, mas os economistas chefes e os demais que se cuidassem pois nós temos o vulcão dos Capelinhos e não tarda nada se não parassem de nos chatear ainda se veriam a braços com mais uma nuvem de poeiras vulcânicas, desta feita vinda de sul.

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  3. “A partida dos novos faraós”

    Os novos faraós, tais como os de então são os régios e divinos administradores máximos desta nossa pobre existência, só a eles está reservado o direito de manter na ignorância e pagos por parcos soldos legiões inteiras de cidadãos, são os escravos da actualidade pagos pelos salários mínimos do nosso descontentamento, enquanto eles acumulam riqueza e benesses inerentes ao seu estatuto de poderio absoluto.

    Os novos faraós, já não mandam construir pirâmides mas compram ilhas e grandes propriedades em paraísos isolados, onde mandam erigir mansões com três pisos acima do solo e cinco abaixo, tal como as de então servem para resguardar a sua integridade em caso de extrema necessidade e para guardar os objectos de culto da actualidade.

    Os novos faraós, já não mandam sacrificar uma virgem no Nilo, mas advogam-se no direito de sacrificar países e continentes para satisfazer a sua exacerbada ganância, possuem dezenas de funcionários de luxo bem colocados nas hierarquias dos governos e instituições financeiras de que são “donos”, para bem poderem controlar os fluxos financeiros e os grandes negócios desenhados a pedido.

    Os novos faraós são poucos mas bons, pelo menos a julgar pelo estado a que isto chegou, para eles tudo certamente não passa de um jogo de vaidades em que o nosso mundo é um tabuleiro de xadrez onde movimentam as peças que finalmente os levarão à glória de partir numa barca de oiro, carregada de tesouros, na viagem para o outro lado e que ajudarão a franquear as portas de éden, só é pena que a esperança média de vida destes faraós não seja a mesma que a dos faraós de outrora pois assim poderíamos vê-los partir bem mais cedo.

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  4. Não é verdade

    Cai, como antigamente, das estrelas
    um frio que se espalha na cidade.
    Não é noite nem dia, é o tempo ardente
    da memória das coisas sem idade.

    O que sonhei cabe nas tuas mãos
    gastas a tecer melancolia:
    um país crescendo em liberdade,
    entre medas de trigo e alegria.

    Porém a morte passeia nos quartos,
    ronda as esquinas, entra nos navios,
    o seu olhar é verde, o seu vestido branco,
    cheiram a cinza os seus dedos frios.

    Entre um céu sem cor e montes de carvão
    o ardor das estações cai apodrecido;
    os mastros e as casas escorrem sombra,
    só o sangue brilha endurecido.

    Não é verdade tanta loja de perfumes,
    não é verdade tanta rosa decepada,
    tanta ponte de fumo, tanta roupa escura,
    tanto relógio, tanta pomba assassinada.

    Não quero para mim tanto veneno,
    tanta madrugada varrida pelo gelo,
    nem olhos pintados onde morre o dia,
    nem beijos de lágrimas no meu cabelo.

    Amanhece.
    Um galo risca o silêncio
    desenhando o teu rosto nos telhados.
    Eu falo do jardim onde começa
    um dia claro de amantes enlaçados.

    Categora: As Palavras Interditas (1951), Eugénio de Andrade e POESIA

    http://saldalingua.wordpress.com/2009/03/13/nao-e-verdade/

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  5. “Baltasar”

    A verdade é redonda, parece consensual no meio jurídico, até recentemente numa formação uma advogada a propósito da responsabilidade civil e criminal por incumprimento das regras de segurança, não se cansou de o repetir, e porquê esta forma para a verdade, na verdade é porque assim se dá de comer a um milhão de portugueses, os que fazem as leis, os que aprovam as leis, os que estudam as leis, os que manipulam as leis, os que alteram as leis, os que aplicam as leis, ufa que cansaço.

    Para além disso é senso comum que a culpa morre sempre solteira, são quase constantes os exemplos sabidos pela comunicação social e que nas mãos da justiça levam anos até que a decisão de arquivamento surja, e porquê esta forma de gerir, na verdade é porque assim se proporciona distracção a um milhão de portugueses, os que vêm as notícias, os que ouvem as notícias, os que lêem as notícias, os que discutem as notícias, os que comentam as notícias, os que esquecem as notícias, ufa que cansaço.

    E também todos sabemos que o símbolo da justiça é a balança, serve para pesar os argumentos de cada uma das partes, é muito conhecida a história do arguido que havia prometido umas galinhas ao senhor doutor juiz e perdeu o caso, ao questioná-lo, ele que havia recebido porcos da outra parte terá respondido ao primeiro, “o senhor trouxe testemunhas de cá-rá-cá-cá, o outro trouxe testemunhas de revolver a terra” e assim para alimentar o sistema se mantém a trabalhar um milhão de portugueses, os que têm que pagar a justiça, os que usam a justiça, os que levam com a justiça, os que fogem à justiça, os que manipulam a justiça, ufa que cansaço.

    Mas até aqui tudo bem pois os portugueses têm direito a comer, distrair-se e também trabalhar, o que não é admissível é que tenham morrido duas crianças numa lagoa artificial que toda gente sabia existir no local há mais de dois anos, a autoridade municipal tenha notificado o proprietário vai para quinze dias, ambos devessem ter sido constituídos arguidos um por dolo, outro por negligência e o meu senso comum me diga que no final quando ambas as verdades redondas forem colocadas sobre os pratos da balança haja apenas culpas solteiras e a vida continue como habitualmente, excepção feita aos dois infelizes, enquanto assim for não podemos descansar.

    Baltasar volta, Garzón estás perdoado.

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  6. “O contágio”

    Jorge Sampaio em boa hora afirmou
    Má qualidade da nossa democracia
    Parece ser coisa que não se sabia
    Mas de imediato outros contagiou

    E num repente o debate animou
    Surge a mudança da noite p’ro dia
    E se enganado estiver todavia
    Se não foi contágio e só inflamou

    Sirva o exemplo p’ra encontrar a cura
    Dos males maiores desta sociedade
    Enquanto alguma saúde inda perdura

    Antes que seja apenas promiscuidade
    Para que não soframos a imensa agrura
    De vê-la morrer e só restar a saudade.

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  7. Fernando Nobre em discurso directo
    23 de Abril de 2010, 09:51

    A menos de um ano das eleições presidenciais, Fernando Nobre dá uma entrevista exclusiva ao SAPO. A partir das 11h30, veja aqui o que o único candidato assumido à Presidência da República tem a dizer sobre os grandes temas da actualidade e participe, sugerindo perguntas a fazer.

    Alexandra

    Obrigado pela coragem por acreditar num País, que já ninguem acredita. Tem o meu voto, apesar do meu partido, BE apoiar outro candidato. Gostaria muito de o ouvir falar dos problemas reais dos País, sem apelo nem agravo, sem soluções fáceis. Você é um homem do Mundo, sabe que caminhamos a passos largos para um buraco, se não mudarmos o rumo e as politicas actuais. Conto com a sua frontalidade e transparência, e pode contar com o meu total apoio. Acredito que vai ser bem sucedido no seu objectivo. Um bem haja.

    http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1060240.html

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  8. Pedro Máximino, sempre em cima do acontecimento! A tua escrita está cada vez melhor. quem dera ter disponibilidade para poder comentar todos os dias,mas a vida de andarilho/a não me deixa. Parabens pela lucidez e sentido de humor!


    Fiquem bem

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  9. Obrigado pelo cumprimento Hera-Luna, eu também ando bastante mas a carola não pára, era minha intenção fazer um textozinho por semana, mas esta malta não me dá descanso. Seria interessante haver mais pessoas a deixar o anonimato como eu resolvi fazer, é apenas um repto à navegação.

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  10. “Golden Boys”

    SCUT, vias sem custos para o utilizador, pura ilusão, a sua designação deveria ser estradas com custos para o utilizador e para o não utilizador, pois todos nós já contribuímos com os nossos impostos para a sua construção, contribuímos regularmente para a sua manutenção e no final se as portagens forem implementadas, aí irão ser pagas pelo utilizador uma segunda vez.

    Os primeiros custos derivam do facto de haver uma decisão de administração do território que justificará a sua existência, para nosso conforto, os segundos custos resultam de uma decisão política tendo em conta a necessidade de mais receita para o estado, é para isto que elegemos os políticos e lhes pagamos, para tomarem as boas e as más decisões.

    Todos estes custos resultam da governação legitimada por todos nós, embora possam ser suportados como se viu em boas ou más decisões, mas quem nunca errou que atire a primeira pedra, eu não o farei certamente, agora quando se trata de outros custos “ilegítimos” que somos obrigados a suportar aí por vezes já sinto a vontade de atirar com uns blocos de granito, embora até agora tenha conseguido controlar-me.

    Estes casos recentes têm ajudado a tornar transparentes uma série de situações de que todos já suspeitávamos, em primeira análise a tradicional derrapagem nas obras públicas, que vai servindo para alimentar os pagamentos, lembra-me agora a letra de Ney Matogrosso, É por debaixo dos pano, Prá ninguém saber, É por debaixo dos pano, O que a gente faz, É por debaixo dos pano, Prá ninguém saber, É por debaixo dos pano, Se eu ganho mais, e mais não canto.

    E estão também a tornar-se transparente os custos com a atribuição dos luxuosos prémios de gestão que saem do nosso bolso a troco das golden shares que o estado mantem numas quantas empresas, para poder fomentar a prática, agora muito mais transparente, da dança das cadeiras que serve para rodar os altos quadros, que pululam de governação para administração e de administração para governação, pagos a peso de ouro, os famosos golden boys.

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