segunda-feira, 7 de março de 2011

Que lê Bernardino?


16 comentários:

  1. “Carnaval”

    O tipo da direita sou eu
    A tipa da esquerda és tu
    Ninguém me reconheceu
    O rei anda a pé e está nu

    A rainha chegou vestida
    Das terras de vera cruz
    No cortejo vai despida
    Está frio mas vamos nus

    Este ano não há graveto
    Para os carros alegóricos
    Por isso não comprometo

    Os recursos no carnaval
    Podemos ser categóricos
    Vamos a pé com fio dental.

    ResponderEliminar
  2. “A luta é alegria”

    Homens da luta ai estão
    O povo votou em massa
    E assim ganharam a taça
    A do festival da canção

    É passaporte pr’a eurovisão
    Partem com luta engraçada
    Ou verão a luta censurada?
    Já muita gente se arranha

    Este humor é um caso sério
    Que promete longe chegar
    A chanceler Merkel brindar

    Quem sabe o festival ganhar
    Pelo menos levar-lhe um ar
    Cá do nosso quinto império.

    ResponderEliminar
  3. Deixar o Bernardino a ler o jornal do BE pode ser uma boa piada de carnaval, não sei é se os torranenses se vão rir ;)

    ResponderEliminar
  4. Bethania - Poema do Menino Jesus - Fernando Pessoa

    http://www.youtube.com/watch?v=gWI1gs0dJYk&feature=related

    ResponderEliminar
  5. “Horizonte”

    Rosa de oiro minha mágoa
    Cabelos doirados ao vento
    Não escutas o meu lamento
    Escutas só as gotas de água

    Vento forte trás boaventura
    A navegação faz-se veloz
    Ultrapassamos tempo feroz
    E um vento calmo perdura

    Nesta brisa de bom auguro
    Passada a grande tormenta
    Cimentamos o nosso futuro

    Apesar do passado lamacento
    Vejo esperança que aumenta
    Cabelos doirados ao vento.

    ResponderEliminar
  6. “Portugal tálento”

    É mais um cavaquistão
    A seguir a tantos outros
    É bom colher os frutos
    Destes que pr’áqui estão

    Com imensa actividade
    Se exercerá magistratura
    Será bom enquanto dura
    E promove a estabilidade

    No final virá a reforma
    E por certo bem dourada
    O bom filho a casa torna

    Já não será na casa velha
    Mas na sua nova morada
    Lá pr’ós lados da coelha.

    ResponderEliminar
  7. “Receita d’avozinha”

    Portugal está em apuros
    O mercado não se acalma
    Ao diabo vendemos a alma
    Apareceu escrito nos muros

    Mas dizem vozes eruditas
    Resolveremos os problemas
    E não vai ser com esquemas
    Mas com umas rezas benditas

    O azeite num prato de barro
    E umas rosinhas de cheiro
    Mexes três vezes c’um cigarro

    E dizes uma certa ladainha
    Juntas-lhe um olho de carneiro
    Nunca falha a receita d’avozinha.

    ResponderEliminar
  8. “A concertina”

    Da concertina estratégica
    Até ao sobressalto cívico
    Ressoa um som diatónico
    No acordeão seria trágico

    Abre o fole solta uma nota
    Fecha-o e a nota é distinta
    Tocas tu com muita pinta
    Uma modinha bem janota

    Tocadores de concertina
    Há-os por cá com fartura
    E não é que o povo atina?

    Solta um pézinho de dança
    Sacode a letargia prematura
    Assim o país pula e avança.

    ResponderEliminar
  9. “À rasca”

    Jovens andam drogados
    O Ben Ladem é culpado
    Ouvem disco e não fado
    E dizem estar enrascados

    Com a carola queimada
    Convocaram uma manif
    Hão-de apanhar o patife
    Qu’os meteu nesta salada

    Jovens deixem-se de tretas
    E ponham juízo na mona
    Agarrem-se às picaretas

    Vão pr’apanha da azeitona
    Ou falem com os profetas
    Se querem manter-se à tona.

    ResponderEliminar
  10. “Preocupação”

    Já há muito não se via
    Um secretário de estado
    Muito muito preocupado
    C’o jovem desempregado

    Aproveitem a embalagem
    E alastrem a preocupação
    Convoquem manifestação
    Seguida de um arrastão

    Arrastem c’a vossa alegria
    Esta malta que já não via
    Preocupar-se nem um dia

    Chamem os homens da luta
    Incomodam gente impoluta
    Já que eles gritam à bruta.

    ResponderEliminar
  11. “Faz-te à estrada”

    Eu lembro-me do tempo
    Em que não havia nada
    A malta fazia-se à estrada
    Pr’a não se ver enrascada

    Hoje olhas com relutância
    E uma relativa ignorância
    Mas vives na abundância
    Desemprego é passatempo

    Faz-te à estrada novamente
    Que o ouro está-se a acabar
    Não podia durar eternamente

    Deves começar já a escavar
    E procurar reter na mente
    Aqueles tempos de penar.

    ResponderEliminar
  12. “Paraíso”

    Procuro mas não encontro
    Intensifica-se esta procura
    Há um vazio que perdura
    Por encontrar tudo pronto

    Do nada irei recomeçar
    Com apenas uma certeza
    Será de uma eterna beleza
    O que achar sem procurar

    Continuo com intensidade
    A percorrer esta estrada
    Mas sem aquela ansiedade

    De uma marcha apressada
    Vou com a mesma felicidade
    Mesmo sem encontrar nada.

    ResponderEliminar
  13. “Desfilai”

    Quatro putos enrascados
    Desta enrascada geração
    Convocam a manifestação
    A sério não foram levados

    Mas à rasca está a nação
    Como ficou demonstrado
    Na rua o povo enrascado
    Gritou a pleno pulmão

    Mas não sabem os petizes
    Que a enrascadela é global
    Fruto de uma ganância tal

    E já nem contam os países
    Não passamos de aprendizes
    Podem desfilar não faz mal.

    ResponderEliminar
  14. “Velha austeridade”

    Durão saúda a austeridade
    Lá da sua austera poltrona
    Cá a nossa já é quarentona
    Está-se a acabar a mocidade

    Está a começar a envelhecer
    E já tem umas rugas na face
    Não é coisa que lhe desejasse
    Um dia acabará por morrer

    Outra coisa não era de esperar
    Bem austero será seu funeral
    Por isso comecem já a pensar

    Quem lhe sucederá em Portugal
    Será outra e não tarda a chegar
    Num estilo bem mais ditatorial.

    ResponderEliminar
  15. “Escrito no céu”

    Fukushima meu amor
    Apelo ao teu coração
    Liga lá a refrigeração
    Arrefece esse reactor

    Usa esse poder nuclear
    Como um dom especial
    Pr’o bem e não pr’o mal
    Não nos queiras dilacerar

    Japão meu coração chora
    No céu apareceu escrito
    A homenagem nesta hora

    A estes irmãos devastados
    Soltem um profundo grito
    Ficámos todos prostrados.

    ResponderEliminar
  16. “Aperta o cinto”

    A oeste nada de novo
    A não ser austeridade
    E esta sua autoridade
    Mas lá falou ao povo

    Povo que lavas no rio
    Talhas com o machado
    Em resumo tás lixado
    Aperto o cinto com brio

    Eu estou aqui pr’a ficar
    Vou defender Portugal
    Ninguém nos vai ajudar

    Isso era um acto falhado
    Isto não é um bananal
    Eu vou fintar o mercado.

    ResponderEliminar