Enquanto os responsáveis da pátria lusa vão a banhos andamos todos atarantados com o infortúnio dos incêndios e dos acidentes de viação, este ano com particular gravidade, chovem acusações a torto e a direito, e em todas as direcções, mas isto é só até o tempo arrefecer e o tráfego voltar a registos normais, para que tudo fique igual e sem que infelizmente se retirem todas as consequências que situações desta monta justificariam.
Entretanto e pelo meio, saído não se sabe bem de onde, temos a novela do bilionário das limas e do advogado Lima, que muita tinta tem feito correr, a propósito de um crime do verão passado no Brasil, que escolhe sair à rua este verão em Portugal, é mais um daqueles casos para prescrever em breve, ou pelo menos desaparecer no horizonte, mas entretanto ocupa muita primeira página e até imagine-se, horários nobres na televisão pública, mas já que temos que os aturar então que uma parte da herança seja para nós.
E agora num repente temos a aprovação com reservas da nova lei das uniões de facto, é um reserva 2010, para todos os efeitos uma boa colheita; aprovação do novo estatuto do aluno, o sistema de ensino entre nós é assim como uma espécie de rato de laboratório, em permanente dissecação; aprovação da norma que altera o regime aberto ao exterior e licenças de saída de reclusos, isto são coisas da justiça, nem comento; aprovação do diploma do “chip”, bom chipados já nós andamos, é mais um; dir-se-á que o nosso presidente vem cheio de energia das férias.
Foi também o espectáculo “déjà vu” das “rentrées” políticas, com discursos parolos e gastos, com acusações e ameaças vindas do Pontal, mas logo com resposta pronta vinda de Mangualde, em que ficámos a saber que as boas notícias do momento são a confiança na recuperação da nossa economia e o bom caminho que está a ser seguido para o equilíbrio das finanças públicas, onde é que eu já ouvi isto? Bom não sei, devem ser ainda efeitos deste calor intenso.
E depois para rematar houve ainda os bons resultados dos dragões em todas as frentes, coisa impensável com todas as saídas entre jogadores e equipa técnica, o resultado daquele jogo frenético dos bracarenses em Sevilha e uma reviravolta mais que improvável dos leões na Dinamarca, não sei quais as temperaturas na Dinamarca, mas todos estes feitos improváveis só se concretizaram certamente como resultado de elevadas temperaturas.
Mas que saudades de acontecimentos comuns; que é feito dos discursos contraditórios dos nossos governantes; que é feito dos normais casos de justiça, apitos, sucatas e outros que tais; que é feito do nosso presidente de postura bem discreta; que é feito dos líderes que aprovaram em comunhão as medidas económicas restritivas a bem de todos nós; que é feito da crise e dos comentários bem a preceito, por conceituados economistas e funcionários de altas instancias internacionais; que é feito das derrotas mais que previsíveis das nossas equipas nos palcos internacionais; mas que saudades de temperaturas mais amenas, que termine logo este verão quente.
“Verão quente”
ResponderEliminarEnquanto os responsáveis da pátria lusa vão a banhos andamos todos atarantados com o infortúnio dos incêndios e dos acidentes de viação, este ano com particular gravidade, chovem acusações a torto e a direito, e em todas as direcções, mas isto é só até o tempo arrefecer e o tráfego voltar a registos normais, para que tudo fique igual e sem que infelizmente se retirem todas as consequências que situações desta monta justificariam.
Entretanto e pelo meio, saído não se sabe bem de onde, temos a novela do bilionário das limas e do advogado Lima, que muita tinta tem feito correr, a propósito de um crime do verão passado no Brasil, que escolhe sair à rua este verão em Portugal, é mais um daqueles casos para prescrever em breve, ou pelo menos desaparecer no horizonte, mas entretanto ocupa muita primeira página e até imagine-se, horários nobres na televisão pública, mas já que temos que os aturar então que uma parte da herança seja para nós.
E agora num repente temos a aprovação com reservas da nova lei das uniões de facto, é um reserva 2010, para todos os efeitos uma boa colheita; aprovação do novo estatuto do aluno, o sistema de ensino entre nós é assim como uma espécie de rato de laboratório, em permanente dissecação; aprovação da norma que altera o regime aberto ao exterior e licenças de saída de reclusos, isto são coisas da justiça, nem comento; aprovação do diploma do “chip”, bom chipados já nós andamos, é mais um; dir-se-á que o nosso presidente vem cheio de energia das férias.
Foi também o espectáculo “déjà vu” das “rentrées” políticas, com discursos parolos e gastos, com acusações e ameaças vindas do Pontal, mas logo com resposta pronta vinda de Mangualde, em que ficámos a saber que as boas notícias do momento são a confiança na recuperação da nossa economia e o bom caminho que está a ser seguido para o equilíbrio das finanças públicas, onde é que eu já ouvi isto? Bom não sei, devem ser ainda efeitos deste calor intenso.
E depois para rematar houve ainda os bons resultados dos dragões em todas as frentes, coisa impensável com todas as saídas entre jogadores e equipa técnica, o resultado daquele jogo frenético dos bracarenses em Sevilha e uma reviravolta mais que improvável dos leões na Dinamarca, não sei quais as temperaturas na Dinamarca, mas todos estes feitos improváveis só se concretizaram certamente como resultado de elevadas temperaturas.
Mas que saudades de acontecimentos comuns; que é feito dos discursos contraditórios dos nossos governantes; que é feito dos normais casos de justiça, apitos, sucatas e outros que tais; que é feito do nosso presidente de postura bem discreta; que é feito dos líderes que aprovaram em comunhão as medidas económicas restritivas a bem de todos nós; que é feito da crise e dos comentários bem a preceito, por conceituados economistas e funcionários de altas instancias internacionais; que é feito das derrotas mais que previsíveis das nossas equipas nos palcos internacionais; mas que saudades de temperaturas mais amenas, que termine logo este verão quente.