domingo, 1 de abril de 2012

Freguesias: bode expiatório do momento…


Para desviar a atenção dos milhões que o estado dá para os negócios privados (do BPN/BIC à Lusoponte, das rendas da EDP aos hospitais público-privados,etc.etc…), a direita dos interesses, bem apoiada pelo PS, lança periodicamente um bode expiatório como tema a desenvolver pelo comentário único na sua comunicação social, para fazer esquecer a corrupção legalizada em que vivemos.
Depois do funcionário público culpado de todos os males e do “estado-gordo”, a cassete toca agora a música das autarquias gastadoras. As autarquias gastam à tripa-forra e são um peso difícil de suportar por um estado que tem outras prioridades.
Como o lobo que ataca o rebanho escolhe as ovelhas mais fracas, os políticos público-privados que nos governam, já escolheram o elo mais fraco a atingir –as freguesias. Extinguir freguesias… eis a grande solução para diminuir o déficit.
Podem os autarcas defender que em momento algum as freguesias contribuíram para o desequilíbrio das contas públicas, recordando que as verbas canalizadas para as freguesias representam apenas 0,10 por cento do Orçamento de Estado deste ano
Lembrar a importância que as juntas de freguesia desempenham enquanto instituições de proximidade na identificação e intervenção em casos sociais.
Afirmar que nos meios rurais, as distâncias entre freguesias e povoações traduzem-se, em muitos casos, em dezenas de quilómetros o que, para as populações mais envelhecidas, poderá representar um afastamento dos serviços públicos e um acrescer de despesas para poder ter acesso aos mesmos.
Sublinhar que a extinção de freguesias pode significar um retrocesso nos direitos adquiridos pelas populações locais e um afastamento das mesmas do poder público e de serviços muitas vezes essenciais para o seu dia-a-dia.
Recordar que quanto ao número de autarquias na União Europeia, do ponto de vista da “racionalidade” aritmética desta matéria, os países que se encontram em “melhor” situação são, por ordem decrescente: Reino Unido, Dinamarca, Lituânia, Irlanda, Países Baixos, Grécia, Portugal e a Suécia. Ou seja, isto demonstra de forma clara que não há qualquer relação racional entre o nível de desenvolvimento, o grau de dificuldade orçamental pública e o tipo de desenho administrativo territorial."
Defender que qualquer alteração do mapa de freguesias deve ser aprovada em referendo pelas populações.
Para os “talibans” do neoliberalismo que nos governam, tais argumentos não interessam.
Extinguir freguesias é um exemplo para um estado que tem de “emagrecer”, para poder engordar com as suas rendas os interesses económicos privados que depois garantirão um lugar nos conselhos de administração aos políticos público-privados do “arco da governação”…

Álvaro Arranja [Aqui]

2 comentários:

  1. “Dicotomias”

    Na dicotomia da vida
    A harmonia encanta
    E em contrapartida
    A desarmonia espanta

    Na dicotomia do pensar
    Espanta-nos a harmonia
    E ainda vai dar que falar
    O encanto da desarmonia

    Assim podemos continuar
    De dicotomia em dicotomia
    Até à dicotomia absoluta

    Em que p’rós tolos governar
    Ouvem-se verdades a cada dia
    Proferidas pelos filhos da puta.

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